domingo, 13 de setembro de 2009

Ah! a tal Almeida...


Paramos em mais algumas comunidades. Uma delas, a maior, chama: Almeida. Encantadora, repleta de cores, sobretudo ao entardecer, hora em que aportamos.
Um frondoso sombreiro recebe quem chega bem no meio da praça. Avistei mesas e cadeiras onde os moradores mais velhos estavam sentados, esparramados, falando coisa qualquer, acariciando as cabeças brilhosas do futuro da vila. Extasiado diante da multiplicidade das coisas belas e inéditas que se apresentavam aos meus olhos sob o cenário róseo do entardecer, escolhi aquele lugar para começar o reconhecimento.
Sentei-me com todo o cuidado em uma das cadeiras, ao lado de um velho cercado de crianças que, durante a prosa, descobri tratar-se de espécie de alcaide local. Ele, junto de seus irmãos, chegou àquele lugar em algum momento de suas vidas, se fixaram, multiplicaram e povoaram, fundando então a Vila Almeida. Ouvi atento às palavras rabiscadas do velho. Derramado sobre a cadeira, vagueava o olhar no mar, abalbuciava entre a barreira falha dos dentes a aventura épica de um jovem caiçara muito curioso e aventurado, respaldado somente pela fome de sua mãe viúva. Estupefato, prostei-me diante de tal grandeza. Voltei a cabeça pra baixo, movi os pés e tentei reproduzir todas as cenas em minha mente: em menos de cinqüenta anos, aqueles homens conseguiram tirar de um mangue escuro e tenebroso o oásis onírico em que me encontrava. Lembrei Marco Pólo quando, perto da morte, lhe propuseram retirar de seus relatos de viagem suas absurdas mistificações, respondeu ele: “não contei nem a metade”.
Aquela praça era também um tipo de refeitório em comum, onde se toma o café da tarde. Percebi isso quando algumas mulheres começaram a preparar a mesa servindo pão, café e leite. Rapidamente todos se puseram ao redor, procurando a “sua porção sob o sol”. Principalmente meus companheiros (eu já me encontrava ali com mais alguns), incomodados pelo estômago irritado, se abriram em risos ao ver, e exclamar: “Café. Com leite!”.
Saciado, saí certo e decidido – feito cão – a encontrar o mais belo mijatório. Algo à altura daquela “cozinha”. Confirmei então, nesse andar por entre a vila, o real desenvolvimento dessa comunidade em relação às anteriores. A maioria das casas são de madeiras, pintadas, minuciosamente caprichadas. Há uma extensão de terreno em frente ou atrás das casas onde se vê hortas de impecável organização. Há escola de quinta à oitava série com professores que parecem corresponder à necessidade local; um pequeno comércio é fonte de lucro da comunidade; um campo de esportes, cachorros, crianças... Ora! É a tão falada utopia.

Um comentário:

  1. vocÊs nunca mais pizem na rita perto do abacateiro se vocÊs pegarem meu OURO vou meter bala em todos vcs seus filha da puta.....

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